Cautela e caldo de galinha…

A ingenuidade das pessoas é surpreendente. No Brasil, isso se mostra de maneiras que chegam a ofender nossa inteligência.

A Workana é um desses sites cujo propósito é agenciar profissionais, atraindo clientes com potencial para contratá-los. Há vários outros nessa linha e muita gente querendo competir com eles, pois esses sites são lucrativos, cobram taxas ou comissões de seus membros (candidatos) sem precisar mexer um dedo para ganhar esse dinheiro. Como já dissemos muitas vezes, a ideia é ótima, mas, infelizmente, na prática a teoria é outra.

O primeiro indício de que um site é confiável é a garantia de que quem está por trás dele não se esconde, ou seja, convém que seus proprietários sejam identificados, que tenham um endereço fixo e acessível, um telefone e outros canais de contato, pois, se um de seus usuários precisar tirar uma dúvida ou reclamar de alguma coisa errada, isso será possível.

Não é o que acontece com a Workana. A origem do site é omitida e não há formas de contato disponíveis. A página deles no Facebook, que antes permitia o envio de mensagens, hoje mostra só o que é conveniente para eles. É difícil descobrir que seus criadores são uruguaios.

Embora o site seja gratuito para pretensos contratantes, não há critérios para selecionar o que vale a pena e desprezar o lixo, que não é pouco. A maioria dos usuários é aventureira, sonhadora e metida a esperta, de ambos os lados, havendo predominância inequívoca de jovens principiantes que não sabem sequer definir suas necessidades; os “sobrinhos” estão ali buscando apenas um complemento para a mesada que recebem dos pais. O resultado é frustrante: propostas com preços incompatíveis, abandono de projetos, trabalhos mal feitos, desperdício de tempo e de dinheiro. Quem ganha sempre é o site, que calcula sua comissão de 15% no sentido inverso (valor cobrado pelo profissional dividido por 0,85), o que representa 17,65% sobre os honorários profissionais.

Aqueles que buscam apenas a economia acabam pagando mais caro do que se contratassem um profissional de verdade ou uma empresa estabelecida. Afinal, o mercado impõe uma adequação indigesta dos mais qualificados aos preços oferecidos por quem nada tem a perder. A concorrência é injusta, mas inevitável.

Um site que vende ilusões

Aqueles que se inscrevem na Workana no plano gratuito têm, em tese, o direito de apresentar nove propostas por semana. A realidade, entretanto, é bem diferente. Fizemos a experiência e recebemos uma mensagem informando que nossa quota havia sido totalmente utilizada quando tentamos enviar a sexta proposta. O site oferece a possibilidade de dobrar a quantidade de propostas se o participante depositar R$ 26,00 (valor na data de realização do teste), e foi o que tentamos fazer, sendo encaminhados à área de pagamentos no PayPal. O valor indicado foi exibido em dólares – US$ 9.85 –, mas na conversão de moedas essa quantia resultou em R$ 25,74, não liberando novas propostas. Deu o que fazer para receber de volta o depósito realizado.

Durante quatro meses não conseguimos uma contratação sequer. As propostas vencedoras eram de valores maiores ou menores que as nossas, sem nenhuma explicação para justificar as escolhas.

O site impede a troca de dados de contato, o que impossibilita a negociação direta. É preciso usar subterfúgios para deixar dicas de contato, e fizemos isso duas ou três vezes. Apenas uma delas resultou em êxito: uma empresa nos contratou, por fora, para migrar um site já existente para um novo modelo, em WordPress, por um valor abaixo da média. Na hora de realizar o serviço, apresentaram-nos vários sites e pediram-nos para desenvolver um novo, reunindo o conteúdo de cada um deles. Apesar da nossa desvantagem, o desistente foi o contratante, que alegou não ser possível, para ele, nos fornecer as informações necessárias para o aproveitamento de todo o material

O texto publicado na página Quem Somos do site da Workana diz:

“Na Workana, nós ajudamos nossos clientes a encontrar os melhores talentos para trabalho remoto em seus projetos. Nós também ajudamos profissionais a conseguir trabalho de acordo com suas preferências, habilidades e faixa de preço. Conseguimos tudo isso da forma mais segura para ambas as partes.”
Isto é, além de não dizer quem são e o que fazem, o texto resume-se a propaganda enganosa quando afirma que “ajuda a encontrar os melhores talentos“. Da mesma forma, não ajuda ninguém a conseguir trabalho, especialmente “de acordo com suas preferências, habilidades e faixa de preço“.

“Cautela e caldo de galinha não fazem mal e ninguém”. Há, sim, profissionais e contratantes bem preparados, mas, são raros quando comparados ao número de “paraquedistas” que vêm não se sabe de onde e podem cair em qualquer lugar, inclusive em nossas vidas, ou pior, em nossas cabeças. Seguir migalhas deixadas no caminho pode ter sido bom para João e Maria no conto dos irmãos Grimm. Hoje usamos GPS. É tempo de evoluir, não podemos ser incompetentes e já estamos cansados de malandragem.

Dê preferência a profissionais capacitados. Vale a pena.

Adendo – sobre o comentário da Workana:

Entramos em contato com a representante da Workana, Pâmela Miranda, que se dispôs a acompanhar nossa atuação naquele site, enviando-nos, inclusive, algumas sugestões de projetos pendentes. Apesar do interesse e aparente boa vontade, nossa opinião sobre o site, sua forma de trabalho e comportamento de seus usuários, não há o que ser alterado nesta publicação.

Mario Cerqueira Lima – Diretor do CESADE

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5 comentários

  1. Oi!

    Sou Guillermo Bracciaforte, co-founder da Workana. Acho que tem muita confussão, sería bom nós ter uma conversa sobre a sua experiencia no site. Por exemplo, cobramos sim uma taxa de 15% sobre o valor final (17.65% desde o valor da proposta do freelancer), porém essa taxa nunca é cobrada se o projeto não acaba corretamente. Devolvemos em quase 99% dos casos.

    Mesmo sendo isso o caso para projetos que pudessem dar errado, trabalhamos para que isso não aconteça. Na verdade trabalhamos com os profissionais de alto potencial o já sucedidos para que os projetos de clientes sejam atendidos. As recomendações do site funcionam para favorecer profissionais desde tipo. É difícil percerber com um perfil novo que ainda não foi testado. Ainda menos se tem troca de contatos.

    Não permitimos troca de contatos porque isso faz que o site seja menos confiável ainda. Quando tem clientes que acabam indo por fora por pressão de profissionais não reconhecidos e logo são roubados do 30% que eles pagarem na frente.

    Vendo que o perfil de vocês como cooperativa é muito interessante eu gostaría que vocês falassem com a Pâmela Miranda do meu time de relacionamento com profissionais. Acho que podemos ajudar em conseguir contratações com clientes bem interessantes.

    Fico no aguardo,

    Guillermo Bracciaforte

  2. Procurando informações sobre a plataforma, encontrei seu site e devo concordar, infelizmente, com o título de trouxa que vou acrescentar ao meu nome. Sou profissional, habilitada, com formações profissionais que embasam conhecimento e talento. Vi na Workana uma oportunidade de trabalhar de forma mais flexível, que era minha busca. Após começar a construir minha reputação em pouco tempo, com aprovações positivas, decidi pedir o resgate dos trabalhos concluídos que somavam créditos em meu nome. Após o pedido de resgate, fiquei no aguardo dos famigerados 3 dias úteis. Que já se somam a 30 ou mais (desisti de contar, é muito frustrante). A Workana, após inúmeras tentativas de contato, uma vez que seu contato direto entre profissional/agência é falho, escondido (mas funciona muito bem mesmo quando se trata de cliente/agência. por que será?) só me respondeu quando deixei comentários relatando meu problema no Facebook. Oras, comentários negativando a empresa em público exigem uma resposta! E lá vão eles me inundar de emails dizendo coisas nada profissionais como :”não sabemos o que houve com seu pagamento”; “A empresa que faz os pagamentos não sabe dizer para onde foi seu dinheiro”, ou ainda a maior pérola que já ouvi deles e que não significa nada: “isso nunca aconteceu antes”. Bom, se uma empresa terceiriza o pagamento de seus funcionários (workana=empresa. freelancer=funcionários) e esse pagamento não é feito dentro das normas legais e previstas, o problema é deles (workana+agencia de pagamento) e não de quem prestou serviços profissionais de primeira qualidade.Afinal, profissional competente que trabalha satisfeito constrói a plataforma, não? O caso é que lá se vão semanas e semanas e nada de receber meus créditos. Lamentável!

    1. Joceli, só posso lamentar pela sua situação e torcer para que o pessoal da Workana leia seu comentário e tome as devidas providências. Cheguei até a conseguir um contato direto com eles, via Skype, mas sem frutos positivos. Visto que a quantidade de amadores ali registrados supera com grande vantagem o número de verdadeiros profissionais, e que os contratantes em potencial também se mostram ingênuos e despreparados, em sua maioria, a ilusão parece ser o produto de maior consumo. Tomara que com o tempo o pessoal da Workana acabe admitindo que tem cometido erros e os corrija, afastando-se de todos os amadores, inclusive dos que se enquadram nesta categoria mesmo sendo seus parceiros.

  3. Pelo que percebi nesse site, existe uma discrepância total em relação aos preços e os trabalhos. Me parece um monte de “amadores”, ou “sobrinhos” vendendo pseudo trabalhos por preço de cerveja. Num mundo real, um projeto bem executado com um trabalho de viabilidade e arquitetura bem estruturados, nunca sairia por 170 reais. Me parece mais um site de sobrinhos que fazem sites por 100 reais. Pra mim, este site é pra amadores júniors.

    1. Obrigado pelo comentário, Pablo. Concordo plenamente. Tenho colecionado registros de frustrações de pessoas que tentaram ver suas necessidades atendidas por candidatos da Workana e acabaram recorrendo a profissionais de verdade mais tarde. Depoimentos como o seu nos ajudam a mostrar a realidade e – quem sabe? – a convencer a Workana a mudar seus critérios. Se isso acontecer, todos sairão ganhando.

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